📄 ARTIGO CIENTÍFICO

Pesquisa PrimáriaAplicada em campo

Bactérias do nariz e garganta podem influenciar a gravidade da COVID-19

Título Original (Português): Revelando o papel do microbioma do trato respiratório superior na suscetibilidade e gravidade da COVID-19

Original Title (English): Unveiling the role of the upper respiratory tract microbiome in susceptibility and severity to COVID-19

Autores:

Otávio von Ameln Lovison, Fabiana Caroline Zempulski Volpato, Lorenzo Gómez Weber, Afonso Luis Barth, Adriana Simon Coitinho, Andreza Francisco Martins

Acessar Artigo
Bactérias do nariz e garganta podem influenciar a gravidade da COVID-19

Tipo de Estudo

Pesquisa Primária

Objetivo da Pesquisa

Investigar como as bactérias do trato respiratório superior (nariz e garganta) se relacionam com a gravidade da COVID-19, identificando quais tipos de bactérias e suas funções (vias metabólicas) estão associadas a casos moderados e graves da doença.

Problema/Lacuna que Soluciona

A gravidade da COVID-19 varia muito entre as pessoas, e não se sabe ao certo todos os fatores envolvidos. Este estudo explora se a composição das bactérias no nariz e na garganta de uma pessoa pode ser um dos fatores que explicam essa diferença, ajudando a entender os mecanismos biológicos por trás dos casos mais graves.

Método

Foram coletadas amostras do nariz e garganta de 88 pessoas, divididas em quatro grupos: COVID-19 grave, COVID-19 moderada, pneumonia sem COVID-19 e pessoas saudáveis. Usando sequenciamento genético (16S rRNA), os pesquisadores identificaram os tipos de bactérias presentes em cada grupo. Em seguida, analisaram as funções metabólicas dessas bactérias e as associaram com a gravidade da doença e marcadores inflamatórios.

Público-Alvo

Pacientes com pneumonia (com e sem COVID-19), e indivíduos assintomáticos, atendidos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).

Categoria: Pesquisa em Humanos

Abrangência Geográfica do Estudo

Nível: Municipal

Local: Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, Brasil.

Principal Resultado

Pacientes com COVID-19 grave apresentaram menor diversidade de bactérias no trato respiratório superior. Houve uma diminuição de bactérias protetoras (eubióticas), como as da família Lachnospiraceae, e uma alteração em funções metabólicas importantes para a resposta imune, como a produção de vitaminas (B12 e K) e ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Essas mudanças podem comprometer a defesa do corpo e agravar a inflamação.

Contribuição para Saúde Pública/SUS

O estudo aponta que o desequilíbrio do microbioma respiratório é um fator importante na gravidade da COVID-19. Isso abre caminho para o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção e tratamento, como o uso de probióticos ou suplementos (vitaminas B12, K, AGCC) para modular a resposta imune e proteger pacientes de alto risco.

Estágio da Pesquisa

Aplicada em campo

Possíveis Aplicações

Desenvolvimento de Produto

A descoberta de que a falta de certas bactérias e seus produtos (como vitaminas e ácidos graxos) está ligada a casos graves de COVID-19 pode guiar o desenvolvimento de novos produtos terapêuticos. Por exemplo, probióticos específicos ou suplementos nutricionais poderiam ser desenvolvidos e testados para fortalecer a barreira protetora do sistema respiratório e modular a resposta imune em pacientes com infecções virais.

Abrangência da Aplicação

Nacional

Os mecanismos biológicos que ligam o microbioma à gravidade da COVID-19 são universais e não dependem de uma estrutura de saúde específica. Portanto, intervenções baseadas nesses achados poderiam ser aplicadas em todo o sistema de saúde brasileiro.

Cenário de Aplicação

Hospital (Emergência/Enfermaria)

Recomendações para o Sistema de Saúde

Necessidade de Pesquisa Futura

O artigo não faz recomendações explícitas para o sistema de saúde, mas sugere que a modulação do microbioma é uma área promissora. A principal implicação é a necessidade de mais pesquisas para validar esses achados e desenvolver terapias baseadas no microbioma.

Limitações e Próximos Passos

Limitações

O estudo tem um desenho transversal, que observa os pacientes em um único momento e não permite estabelecer uma relação de causa e efeito. Além disso, não controlou fatores que podem influenciar os resultados, como idade, uso de antibióticos e outras doenças (comorbidades) dos pacientes.

Próximos Passos

Realizar estudos futuros para testar intervenções que possam restaurar o equilíbrio do microbioma (por exemplo, com probióticos ou metabólitos específicos) como forma de reduzir a gravidade de infecções respiratórias como a COVID-19.

Principais Interessados

Grupos de Aplicação

  • Gestores de saúde (nível federal e estadual)
  • Médicos intensivistas e infectologistas
  • Pesquisadores em microbiologia e imunologia
  • Áreas técnicas do Ministério da Saúde (ex: Ciência e Tecnologia, Atenção Especializada)

Financiadores Atuais

  • Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
  • Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS - Decit/SCTIE/MS-CNPq-FAPERGS)
  • Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos (FIPE) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)

Financiadores Sugeridos

  • Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit/SCTIE) do Ministério da Saúde
  • Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
  • Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs)
  • Indústria farmacêutica

Benefício Já Gerado

Status: Não

Ainda não gerou impacto prático. O estudo identifica associações e alvos potenciais, mas não desenvolveu ou testou uma intervenção.